sexta-feira, 5 de junho de 2009


Algumas pessoas,quando crianças tem cachorros de estimação,gatinhos de estimação e até tartarugas de estimação.Confesso,nunca tive muita vocação para o tradicional,e foi aí que aos meus sei lá,10 anos,ganhei da minha avó o melhor presente de aniversário que eu poderia escolher: Um porco. É óbvio que na época que eu fiz esse não muito convencional pedido,mamãe estava viajando,ou seja,não havia nada nem ninguém que pudesse vetar o meu sonho,visto que papai já havia concordado comigo.Quando Vovó perguntou o que eu queria ganhar,muito provavelmente um porco não estava nem um pouco perto das suas opções,tendo sido um pouco difícil a nossa comunicação: "-Minha filha... um porco? Não prefere um carneirinho? um cachorrinho? "Não! Era o amigo suíno que eu queria,sem falar que as minhas experiências com carneirinhos rejeitados não haviam terminado com finais felizes,mas isso eu deixo pra outro post. Lembro como se fosse hoje quando a minha gorda chegou.Admito que em meus sonhos ela era pequenininha,mansinha,fofa,obediente,tomava mamadeira e usava um laço no pescoço. Não é à toa que a bolsinha que eu arranjei para ela já estava devidamente arrumada com perfume,coleira,mamadeira,fitas e toalhinhas.Doce ilusão. Quando a minha avó saiu do carro com a porquinha a única coisa verídica era o laço no pescoço porque de resto.... mas tudo bem!Mães amam seus filhos do jeito que eles são (ainda que adotivos),então eu prontamente tratei de segurá-la no colo (sem sucesso) e colocar a coleira no (não tão fofo assim) porco. Dei-lhe o nome de Fiona (carinhosamente Fifi),e fiquei arrasada quando a dita cuja não me acompanhava com a coleirinha. Mããããããns como é preciso muito mais para abalar totalmenteuma criança tão feliz ao ponto de escolher um porco de aniversário,começei a me perguntar se tudo aquilo não era estresse de viagem da pobre Fifi.Não,não era.. O tempo foi passando,minha amiga suína foi crescendo e eu estava cada dia mais distante dela não só porque eu tive que voltar pra Natal( e ela ficou em Pipa),como também porque a Fiona havia virado uma monstrinha.Eram diárias as ligações do cuidador da Fifi dizendo que ela havia comido mais uma galinha.Como a personagem principal da história ( é a Fifi,não eu) estava digamos assim,muito bem nutrida,eram constantes as insinuações de meus pais e familiares de que a hora dela deveria chegar logo,e chegou.Depois de eu conseguir enterditar várias vezes o destino cruel da Fifi,o dia inevitável havia chegado,e o sonho da minha pequena vida seria o prato principal na ceia do reveillon.O abate de fato aconteceu,e o que mais me deixa indignada até hoje foi a chegada do meu primo/padrinho com 2 amigos que parece até que haviam caído de pára-quedas apenas para comer meu presente de aniversário e me dizer : "Mariana,Fifi é muito gostosa."FIFI? Como se eles fossem íntimos do meu bebê. Tudoo bem,um novo ano havia iniciado depois daquela noite,e tenho que dizer: Comi SIM um pedaço de Fifi.Além de não ser fofa,não ser obediente,não tomar mamadeira,não ser pequenininha e não aceitar coleiras... ela tinha um gosto muito do ruim.
Ps: Eu ainda não era vegetariana nessa época
Ps2: A foto não está favorecendo muito a Fifi.

Um comentário:

  1. Poxa! Que história. É por essas coisas que eu nunca vou querer um porco de presente. Sei que um dia vai virar prato do dia da minha casa! E como eu sou "carnívoro"... ja viu né?

    Suas experiências são muito legais e até coloquei um link seu no meu site se você não se importa.

    Abraço.

    Marco Antonio

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